O EFÊMERO
III COLÓQUIO
INTERNAIONAL CIDADES, GESTÃO,
COMPORTAMENTO e REGULAMENTAÇÃO
FACULDADE RUY BARBOSA 2014
O Efêmero é um conceito do que
não é durável e se apresenta hoje como condição da realidade sendo essa o que
não é mais palpável. Nas cidades, na arquitetura a efemeridade se apresenta em
substituição da materialidade absoluta do período moderno época onde se
cogitava de oferecer ao espaço o agenciamento das soluções humanas. A
efemeridade é o que passa, o tempo torna-se pausa e suporte da vida e o espaço
não nos oferece mais o conhecimento nem possui a hegemonia sobre nossas ações.
A própria organização das ações é intercambiável havendo a substituição do
fordismo e da linha d montagem por sequências intermitentes e intercambiáveis.
A estrutura social não representa mais a ossatura que envolve o comportamento
humano já que a superestrutura e a cultura aí incluída está envolvida hoje no
cenário da passagem, da liquidez e fluidez das ações. O indivíduo torna-se o
modelo padrão do comportamento convivendo no seio de um grupo social familiar
que não representa o berço da segurança social. A própria célula familiar é
dinâmica e transitória, cabendo às cidades e a suas leis a garantia da
reprodução das relações. Devemos no entanto considerar que esse mundo cambiante
e passageiro em que vivemos não está sujeito a mudanças absolutas já que não
existe uma transformação completa. As tecnologias digitais da realidade líquida
chegam em uma sociedade inteiramente acostumada com as mudanças. Se hoje a
questão do desemprego nos aflige, em tempos de outrora nem todos trabalhavam e
o mundo numérico se apresenta com a automatização retirando cada vez mais o
trabalho do ser humano.” Se ficarmos com a fluidez da luz ganhamos a rapidez
mas perdemos a clareza.” A efemeridade de uma arquitetura só é identificada
porque sendo signo de uma geração ela desaparece na mesma geração. Como é muito
raro numa cidade europeia uma arquitetura do século XVI observa-se que a
arquitetura esteve sempre transitória e na impermanência apesar da sua solidez.
Considerando a arquitetura como objeto ela não é permanente. Levando-se em
conta o lugar a configuração passa a ser do ambiente e nesse sentido o mesmo é
mais durável que o objeto. Toda construção se torna mais vulnerável e efêmera
sem suas fronteiras, portanto as cidades fornecem a permanência da arquitetura.
Quando uma arquitetura pode ser considerada efêmera? Ela será efêmera quando o
princípio da durabilidade não lhe for fundamental. A arquitetura de eventos é
efêmera não pela condição material mas pela condição funcional. Já o palácio do
Obá, do rei nagô, a sua arquitetura foi diluída pelo tempo e pela chuva por ser
de barro no entanto sua efemeridade era mais material que simbólica. O Pavilhão
do Brasil na Exposição Internacional de Nova York em 1939, projeto de Lucio
Costa e Niemeyer foi obra concebida para durar durante o evento cuja
efemeridade não estava no material mas no tempo, no entanto sua importância
para a arquitetura moderna é marcante.
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