O efêmero nas engenharias - II Seminário Internacional Obras Estruturantes.

 O EFÊMERO NAS ENGENHARIAS
II SEMINÁRIO INTERNACIONAL  OBRAS ESTRUTURANTES 
FACULDADE ÁREA 12014



 O tema, O efêmero será estudado em suas fronteiras conceituais e nos limites da interdisciplinaridade. De imediato essa efemeridade se destaca nas relações entre as artes e as ciências envolvendo grupos de pesquisa das ciências tidas como exatas a as conexões das mesmas com outras áreas de pesquisa, como as artes, o que envolve a ciência física numa dúvida sobre a validade absoluta do racional, criando um ponto de encontro entre arte e ciência onde as condições experimentais levam sempre a uma experimentação que situa-se no cenário do efêmero e da dúvida. No pensamento científico a influência do objeto pelo sujeito projeta-o para fora como se o mesmo não pertencesse ao corpo, como se o seu entendimento estivesse independente do conhecimento do próprio corpo, sendo o espaço uma possibilidade exclusiva do exterior em busca de um interior. No entanto o mesmo talvez não seja nem uma coisa nem outra mas sempre uma passagem entre os dois destacando a efemeridade como causa e efeitos das coisas, na efemeridade material entre fronteiras do efêmero, no espaço-tempo. A obra mental na epistemologia científica e artística não representa um abandono da experimentação. A experiência envolve um campo de fronteiras no efêmero onde nem o artístico nem o científico estão definidos. A desmaterialização da ciência ocasionada pela preponderância do fluxo, do passageiro estabelece o cenário do efêmero como o suporte das mesmas, para a nova ciência há um descarte contínuo de saberes abandonados, ocasionando ao patrimônio cultural uma perda sem reposições e um desconhecimento de técnicas desaparecidas impossibilitando um entendimento histórico da cultura humana bem como a conservação de obras de engenharia e até mesmo de outras guardadas em museus. A “hipertelia” envolve o objeto de alta densidade de saberes em rede onde a perda e o esquecimento de uma parte desses saberes coloca no desconhecimento e na perda toda e estrutura do saber e da educação. As práticas pedagógicas, de engenharia e arquitetura estão submetidas ao desafio do tempo, onde o esquecimento constante de saberes e a efemeridade material geram dificuldades da sua conservação e os espaços das cidades são tocados pelo desgaste imagético causado pela perda da aura dos objetos na sociedade contemporânea. Observamos continuadamente a demolição de obras importantes de engenharia e arquitetura que fazem parte do patrimônio cultural submetidas às ações do tempo, não somente pelo seu desgaste físico mas por fatores de dificuldades de reprodução do conhecimento, da desvalorização da imagem de objetos e das leis de mercado. Essas obras no entanto podem ser acessadas reconhecidas através da internet e das reproduções técnicas como a fotografia, tornando o que foi material em efêmero. A prática digital passa portanto a ser parte do projeto do engenheiro não somente como um desejo do mesmo por tê-la efêmera de forma intrínseca mas sobretudo como forma de “conservação”. A mesma nos fornece uma intimidade jamais vista entre o corpo e a máquina e entre o corpo e um mundo não real, funcionando na efemeridade da linguagem pura e equacional da matemática afastada do material e sobretudo programático subtendendo-se nessa nova realidade a presença de um escriba pensante desconhecido. Essa efemeridade criada pelo desaparecimento do criador do trabalho apresenta na engenharia, na psicologia, na gestão, e nas artes novos campos de pesquisa na relação homem-máquina em novo campo que é a cultura digital. O profissional tem aí um papel fundamental como pioneiro e experimentador antecedendo pela sua inteligência sensível o que poderá ocorrer no campo da inteligência artificial. No mundo da cultura digital o efêmero não se refere somente ao durável a um certo instante mas também ao que se transforma constantemente através da hiperprodução de imagem com possibilidades cada vez maiores de se acessar o inacessível, tanto no cosmos, como as imagens ao interior do corpo ou nas profundezas dos mares produzindo novas atitudes e ações que refletem e produzem um pensamento próprio da cultura digital transformando paradigmas no sistema de educação e nas relações de produção. Essa última tem seus desafios e fronteiras no campo das conexões, e condutores e da tecnologia, enquanto a inteligência humana se apresenta entre o sensível e o pensante apresentando ao (SHM) sistema homem-máquina um modelo de linguagem baseado na criação que no entanto até o momento não é aceito pela máquina ou conhecido pelo ser humano. A gênese da linguagem humana se processa no sensível antes do pensante, portanto a questão da criação na inteligência artificial não pode se restringir somente ao mundo do pensante mas sobretudo depende do entendimento do corpo como suporte biológico que gera a criação. Toda percepção sensível precede o pensante e é executada pela comunicação entre mais de uma célula não nos permitindo até então obter significantes gerados somente por uma unidade celular para entendermos o processo já que essa comunicação não passa ao cérebro e se restringe ao suporte corporal efêmero e desconhecido. Nesse sentido a inteligência do sensível que é exercitada no campo das engenharias poderá oferecer ao sistema de inteligência artificial um campo de pesquisa fundamental. Como muitas descobertas no mundo científico são obtidas através de processos aleatórios, se a inteligência for uma substância da natureza teremos a chance de um dia receber por acaso uma resposta.

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