Fronteiras do efêmero na imagem digital
10 de outubro de 2014
Universidade Federal do Recôncavo Baiano - UFRB
A imagem digital se constitui na lógica do efêmero,
do tempo real: dados númericos disponíveis a serem modificados,
atualizados. A imagem em tempo real é aquela cujo sentido corresponde a um
determinado momento, uma imagem que se constrói ao mesmo tempo que a
experiência. O efêmero na cultura digital não se refere somente ao que dura
pouco, mas ao que está em constante transformação.
A forte presença que a experiência visual passou a
ter nas nossas vidas com as tecnologias digitais se dá em função da
hiperprodução de imagens e da possibilidade cada vez maior de visualizar o que
antes não se sabia visualizável – do cosmos às imagens do interior do nosso
corpo –, a representação de dados brutos (radiotelescópio, ressonância
magnética/IRM) na tendência de traduzir tudo em imagens a fim de facilitar a
leitura que se tem do mundo.
Em contraste ao desejo de permanência, a
forma de se relacionar com a imagem digital se constitui na instantaneidade, na
substituição imediata de uma imagem por outra, uma informação por outra. Desde
as tradicionais câmeras aos dispositivos móveis de comunicação em rede, estamos
a cada momento criando imagens das nossas experiências, na intenção de
perpetuar o momento efêmero. Ao oferecer uma grande possibilidade de produção,
difusão, manipulação e interação, o digital potencializa a imagem como um
importante instrumento de comunicação, de registro cotidiano, de visualização
da experiência coletiva e pessoal. A imagem digital se estabelece no diálogo,
na ação. Torna-se um processo, um acontecimento, criando identidades e espaços
efêmeros nas experiências compartilhadas em ambientes ou comunidades virtuais.
Face ao fluxo incessante de imagens na
contemporaneidade, a arte reflete e produz um pensamento baseado nas práticas
próprias à cultura digital: a metaformose, a apropriação, a comunicação
instântanea, a interatividade, a colaboração em rede e etc. A arte digital,
resultante de uma interação, que se realiza sobretudo por meio da imagem como interface,
parece cumprir a promessa de uma arte efêmera, baseada na lógica do
acontecimento – algo que não pode se repetir, uma vez que se constitui na
experiência –, e de uma criação compartilhada, na obra como processo.
Como as imagens digitais criada por artistas,
programadores, amadores, podem servir à realização e conceitualização de uma
poética e estética contemporânea? Servir a uma estética do efêmero ou da
permanência, em uma memória digital que não cessa de se reconfigurar? Quais
fronteiras temporais as imagens digitais questionam?
Programação: http://iicfb-fronteiras-do-efemero.blogspot.com.br
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